domingo, 15 de novembro de 2009

Afinal, do que precisamos




Quanto mais o tempo passa, mais fica nítida a impressão de que estamos numa constante procura, num longo caminho a procurar, nos primeiros degraus da longa escada.

Sim, longe, longa e constante, isso é o resumo do que procuramos. Mas, o que precisamos realmente? O que procuramos verdadeiramente???

Acho que é essas são perguntas no meio de todas aquelas que não temos respostas. E que bom!!! Seria um término de vida saber o que procuramos e precisamos, seria o fim. Triste seria chegar ao encontro disso, ao encontro do que procuramos, do que precisamos.

Como procuramos e precisamos de coisas, que nem mesmo sabemos quais, essa procura nos permite o encontro de tantas outras, e nos facilita descobrir que precisamos de muito e de pouco. Esse paradóxo muitos vivem diariamente, as vezes, podem estar num momento de amor pleno e imenso, amando muito. Precisando muito da compania do seu amor, mas, esse muito consegue ser suprido com um simples "oi" pelo telefone, ou uma mensagem no celular com uma foto contando tudo o que está acontecendo. Um muito suprido com pouco. A distância geográfica acaba sendo um elevador para que possamos passar por vários andares do nosso verdadeiro eu, andares pelos quais nesses vinte e cinco anos nunca tinha percorrido, e hoje, percorro.

Essa beleza de não saber é algo a ser pensado por nós. Vamos pra escola porque queremos saber, fizemos uma faculdade porque necessitamos saber, as empresas contratam quem sabe. Não nos damos conta o quanto o não saber nos permite, o quanto não faz a mínima idéia abre inumeras portas, que se soubessemos a porta certa, perderíamos a oportunidades de conhecer tantas outras. Embora a vida seja curta, muito curta, ela nos dá tempo de conhecer as outras portas, e, sim, sem medo algum, mudar de opinião.

Sinto sempre que na medida que o final de ano se aproxima, vão aparecendo portinhas, janelinhas, gavetinhas, caixinhas, potinhos...uma imensidão de coisas pra abrirmos, escolhermos e irmos a frente, naquele mágico dia que é o dia 31 de dezembro.

Mas não se culpe se chegar no dia 01 de janeiro com muitas portas, janelas, tampas abertas e sem conclusão de quais fechar e quais não. Talvez o melhor sinal de que esteja vivo, é deixa-las aberta, assim você pode voltar, e pode permitir que pessoas novas entrem nelas também.

Pense nisso!!!

domingo, 1 de novembro de 2009

domingo, 25 de outubro de 2009

MENTIRAS NO DIVÃ - LIVRO EM PDF PARA BAIXAR


Nesse romance provocativo, Yalom disseca o relacionamento de três terapeutas com seus pacientes e apresenta um olhar hilário e complexo sobre o que realmente se passa na mente dos psicanalistas. Seymour, terapeuta adepto de técnicas nada ortodoxas, é acusado de má conduta sexual com uma de suas clientes. Prestes a ser proibido de clinicar, revela suas motivações a Ernest Lash, que acaba aprendendo a entrar no recanto mais íntimo da vida de seus pacientes e faz com que um deles se separe da mulher. Certa de que os conselhos de Lash fizeram com que seu marido pedisse o divórcio, Carol elabora um plano para o arruinar: contratá-lo e seduzi-lo.

Um livro brilhante, inteligente e emocionante. Onde dilemas de lealdade apresentam-se com clareza e vigor.
Do mesmo autor dos best-sellers Quando Nietzsche Chorou e A Cura de Schopenhauer. Se Freud ou Jung tivesse se proposto a escrever um suspense psicológico, duvido que um deles tivesse conseguido inventar uma história tão tensa e eloqüente.”- Los Angeles Times” Um fascinante romance policial psiquiátrico… Yalom traz à sua mais recente obra de ficção um autêntico domínio das técnicas de psicoterapia e um verdadeiro toque de genialidade ao mostrar ao leitor o que está realmente acontecendo na cabeça de um psiquiatra enquanto está psicanalisando uma pessoa.”- Los Angeles Times” [Uma] narrativa hilariantemente complexa… Este romance é, possivelmente,o mais divertido e mais inteligente já escrito sobre a psicanálise.”- San Jose Mercury News” A percepção [de Yalom] de sua própria profissão é incisiva e implacável, que lembra tanto Oliver Sacks quanto Studs Turkel. É um romance para quem quer saber como realmente funciona a mente de um psicoterapeuta.”San Francisco Chronicle”
Editora: Ediouro
Autor: IRVIN D. YALOM
ISBN: 8500018925
Origem: Nacional
Ano: 2006
Edição: 1
Número de páginas: 404
Acabamento: Brochura
Formato: Médio



http://www.esnips.com/doc/ea4742b7-cfaf-4970-a51c-b68627abbeb6/Irvin-D.-Yalom---Mentiras-no-Diva-(pdf)-(rev)

O PEQUENO PRINCIPE- ANTOINE DE SAINT EXUPÉRY (AUDIOBOOK PARA BAIXAR)


Na definição de Antoine Saint-Exupéry, seu autor, um livro urgentíssimo para adultos, o que talvez explique a extraordinária sobrevivência literária de O pequeno príncipe. Publicado pela primeira vez em 1943 na Nova York em que foi escrito e, no ano seguinte, na França, o livro chegou à AGIR com o COMPONENTES de acaso que, em geral, cerca a edição de fenômenos editoriais, já que a obra havia sido comprada por outra tradicional editora brasileira, que desistiu da publicação.
Traduzida primorosamente por D. Marcos Barbosa, a versão brasileira chegou à livrarias em 1952, tendo vendido desde então mais de 4 milhões de exemplares.
Le Petit Prince, The Little Prince, El Principito, Der Kleine Prinz - em qualquer uma das mais de 150 línguas em que é publicado, causa encanto a história do piloto cujo avião cai no deserto do Saara, onde ele encontra um príncipe, “um pedacinho de gente inteiramente extraordinário” que o leva a uma jornada filosófica e poética através de planetas que encerram a solidão humana em personagens como o vaidoso, capaz de ouvir apena ELOGIOS ; o acendedor de lampiões, fiel ao regulamento; o bêbado, que bebia por ter vergonha de beber; o homem de negócios que possuía as estrelas contando-as e econtando-as em ambição inútil e desenfreada; a serpente enigmática; a flor a qual amava acima de todos os planetas.
Na primeira noite adormeci pois sobre a reai, a milhas e milhas de qualquer terra habitada.
Estava mais isolado que o náufrago numa tábua, perdido no meio do mar. Imaginem então a minha surpresa, quando, ao despertar do dia, uma vozinha estranha me acordou. Dizia:- Por favor desenha-me um carneiro!”
CLIQUE AQUI PARA BAIXAR

PERDAS E GANHOS - LYA LUFT (AUDIOBOOK PARA BAIXAR)


Neste livro inédito, a autora alia memórias a uma delicada e sensível visão sobre o processo de envelhecimento da mulher. Busca dar um testemunho pessoal sobre a experiência do amadurecimento.

Convoca o leitor para ser seu amigo imaginário: cúmplice e companheiro de reflexões que vão da infância à solidão e à morte, ao valor da vida e à transcendência de tudo. Lya divaga, discute e versa, com ímpeto, compaixão, e muitas vezes bom humor, sobre velhice, amor, infância, educação, família, liberdade, homens e mulheres, gente de verdade... e conclui que o tempo passa mas as emoções humanas não mudam, revelando que é preciso reaprender o que é ser feliz.


Autor: Lya Luft
Tempo: Mais de 5 horas
Qualidade do Audio: (excelente) Gravação em Estudio
CLIQUE AQUI PARA BAIXAR

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

terça-feira, 13 de outubro de 2009

HIPERATIVIDADE

Paulo Sergio Fochi
Pedagogo e pesquisador da infância
paulo.fochi@yahoo.com.br

Caracterizada por quadros de agitação, impulsividade e dificuldade de concentração, a hiperatividade, nos últimos anos, ganhou maior atenção de médicos, psicólogos e pedagogos – principalmente porque se passou a creditar ao distúrbio boa parte dos casos de mau desempenho escolar.
O termo hiperatividade vem sendo atribuído de forma corriqueira no âmbito escolar, e é comum cada vez mais percebermos pais e professores adeptos e convencidos de que seus filhos apresentam este distúrbio. Na verdade, as crianças que fogem dos padrões de comportamento que estamos acostumados são rapidamente diagnosticadas como hiperativas.
Faz-se necessário destacar que a hiperatividade só é de fato hiperatividade a partir de uma conjugação de fatores que devem ser observados e acompanhados por um profissional especializado, e dentre estes fatores, uma pequena lesão cerebral geralmente ocasionada por falta de oxigenação na hora do parto.
Assim como o número de hiperativos crescem – mesmo que mais de 30% dos pacientes diagnosticados hiperativos não apresentarem de fato o distúrbio -, o medicamento utilizado para o tratamento vem crescendo o uso em larga escala, podendo dizer até mesmo, de forma incontrolável. O uso deste “sossega leão” não é tão inofensivo quanto se imagina, aliás, estudos recentes demonstram que a Ritalina, quando utilizada com crianças pequenas, afeta no crescimento da criança e até mesmo, causando problemas no crescimento dos órgãos genitais masculinos. Não é a toa que um dos apelidos do medicamento é “droga da obediência”, e por isso chamo a atenção de pais e professores que estão entupindo as crianças “para ajuda-las”.
Talvez em muitos dos casos o uso do medicamento poderia ser substituído por uma reorganização dos costumes familiares, da relação entre pais e filhos, e está sem sombra de dúvidas, não apresenta nenhum efeito colateral.

Ilusão

Estive longe....mas voltei, e voltei pra registrar muito no meu BLOG...
Pra começar, esse vídeo que amo...com a duas cantoras que adoro.

sábado, 18 de julho de 2009

Boa infância



Paulo Sergio Fochi – Pedagogo e pesquisador da infância




Se perguntássemos às crianças, o que precisaria para uma boa infância, provavelmente a resposta seria curiosa e um tanto quanto surpreendente, foi isso que nos últimos três anos, uma pesquisa feita no Reino Unido fez. Reuniu pais, especialistas, educadores, e as próprias crianças questionando o que elas precisariam para ter uma boa infância.
O resultado do estudo foi divulgado e transformado em livro no início deste ano e traz aspectos relacionados ao papel de cada instituição social, como familiar, escolar, o estado e até mesmo os meios de comunicação.
Segundo o estudo, crianças cada vez mais novas estão vulneráveis a situações de muita pressão, de abandono e de acesso a conteúdo adulto. As conseqüências dessa realidade, estão sendo divulgadas nas campanhas dos meios de divulgação neste ano, a prevenção ao uso de drogas. Já é sabido que as marcas da infância são fator preponderante para a conduta da vida juvenil e adulta.
Esse crescente números de adolescentes e adultos dependentes de drogas, podemos dizer, ainda que sumariamente, são resultado de uma infância ameaçada. Mas então, o que afinal, leva a uma boa infância? Segundo o estudo intitulado o Relatório da Boa Infância (ainda não traduzido para o português) “a educação para a vida tem que ser como uma piscina. Quando a criança entra, é na parte rasa, com ajuda. Mas o objetivo é ensiná-la a nadar, para ir sozinha para a parte funda”, afirmou Bob Reitemeier, diretor-executivo da Children's Society, entidade que encomendou o estudo.
Segundo o estudo, algumas das recomendações para cada instituição social são: oferecer serviços de melhor qualidade para quem quiser ter filhos; avaliar a saúde mental de crianças sob custódia e sob cuidados do Estado; elevar a remuneração de todas as pessoas que trabalham com crianças, incluindo professores e assistentes sociais; iniciar uma grande campanha para convencer empregadores a contratar jovens aprendizes; banir a publicidade de álcool e alimentos não-saudáveis na televisão antes das 21h, aos pais assumir um compromisso de longo prazo um com o outro; estar plenamente cientes a respeito do que envolve a decisão de ter um filho; amar seus filhos e estabelecer limites para eles e ajudar os filhos a desenvolver qualidades de espírito.
Talvez, estamos num período emergencial na história da humanidade, e a única possibilidade de resgate seja investimento de TODOS na infância.
Publicado no Jornal Gazeta Veranense - 17/07

Projeção dos pais, frustração dos filhos

“meu filho já tirou as fraldas...minha filha faz balet...o meu, já esta lendo”

Paulo Sergio Fochi – Pedagogo e pesquisador da infância


Já é sabido que educar nos dias atuais é uma tarefa difícil, com o avanço das ciências, está cada vez mais clara a idéia de que nenhuma ação do adulto para a criança passa por despercebida, ou seja, não é neutra.
Me rendendo ao assunto em voga, Michael Jackson, podemos pensar os registros históricos do astro como ferramenta interessante de reflexão da influência positiva e negativa da educação primeira, ou seja, da educação da instituição familiar. Na história do astro, a figura paterna figurou um personagem de exigência e projeção do filho, que nitidamente, na fase adulta, as vivências de Michael ilustraram tamanha destruição da sua personalidade e da falta de uma infância saudável.
O ponto chave dessa trama é exatamente um discurso comum nas escolas e rodas de pais com filhos de idades entre 0 e 8 anos. Cada vez mais, os pais acreditam que seus filhos precisam ler mais cedo, tirar fraldas antecipadamente, estar participando de inúmeras atividades, falar e agir como um adulto, ou, um mini adulto. Me parece que a infância está por desaparecer, estão tirando das crianças o que de mais rico e precioso ela tem: o direito de ser respeitada na sua individualidade.
Nenhuma criança tem que estar enquadrada numa tabela que diga o que, em cada mês, ou em cada período de idade, ou ainda, o que a maioria de seus colegas de escola já fazem, que ela tenha que também fazer. O desenvolvimento de cada criança é a soma de sua herança biológica e genética, com suas experiências particulares e especialmente, com a qualidade do ambiente em que ela está inserida. Precisamos ouvir mais as crianças, e deixar de lado o pensamento egoísta e narcisista de pais e professores, que, transferem na criança, as possibilidades e desejos que eles mesmos gostariam de vivenciar.
É comum em paises europeus e norte-americanos, um número elevado de suicídios infantis, justamente por uma conjugação de fatores sociais que projetam na criança a exigência de ser o melhor, deixando evidente que aqueles que não atingirem os patamares mais alto, não terão espaço na sociedade.
O que irá certificar se o ser humano que hoje é criança será um bom adulto, certamente não é a data que ele irá falar ou ler e escrever, mas sim, a qualidade do afeto e o respeito que ele terá nos primeiros anos de sua infância.
Publicação para Jornal Gazeta Veranense - 10/07

terça-feira, 7 de julho de 2009

Pra começar...a lição que a Educação Infantil tem a ensinar às professoras e aos professores de todos os níveis de ensino



É com grande alegria que assumo a responsabilidade de escrever no Gazeta Veranense, jornal de grande parceria da comunidade que a quase um ano estou participando. Mais ainda porque esta coluna irá falar primordialmente da Educação, tema que movimenta o meu ser já faz alguns anos.
Em meu dia-a-dia, no meu trabalho de formação de professores e na minha própria formação, tenho como preocupação uma discussão contemporânea da Educação Básica – e tenho as aula da Educação Infantil (suas formas de convívio, seus procedimentos de aprendizado e de avaliação) como paradigma a seguir.
A educação objetiva-se hoje em provocar nos seus educandos a criticidade e a capacidade autônoma de resolver e pensar os problemas que circulam no seu meio social, mas é preciso se atualizar se verdadeiramente for desejo proporcionar uma educação que atenda os desafios do século.
Hoje as relações sociais são complexas, transitórias e é duvidoso o futuro da sociedade e do meio ambiente. Porém, meus últimos dez anos de experiência me mostram que é na Educação Infantil – no começo de tudo – que está as melhores e maiores possibilidades de uma educação para o progresso. Se pensarmos um pouco, a Educação Infantil reúne a possibilidade do diálogo e do confronto, da cooperação e ao mesmo tempo, espaço para a discordância, de descoberta e aprendizado coletivo, e especialmente, espaço em que cada um é percebido e respeitado como ser ímpar, feito de singularidades e especificidades. Na Educação Infantil ninguém precisa estudar para uma prova final, o aprendizado acontece porque num objetivo comum, a rede de conhecimento será ampliada simplesmente para uma transformação pessoal.
Seria necessária várias páginas para falar de como devemos prestar mais atenção na Educação Infantil, porém, meu convite neste momento a todos, professores, colaboradores da sociedade, pais, alunos, gestores públicos é simplesmente de que retomem em sua memória as marcas mais positivas de seu processo escolar, e percebam o quanto a Educação Infantil tem para nos ensinar.


Paulo Sergio Fochi

Texto publicado no Jornal Gazeta Veranense, dia 03 de julho de 2009.

terça-feira, 21 de abril de 2009

E a borboleta?


Neste final de semana, tive a oportunidade de estar acompanhado de uma pessoa especial, que me possibilitou conversar sobre os mais diversos assuntos. Fomos de Edgar Morin à sopa de legumes, falamos de arte e pinturas de casas da Itália até uma pesquisa de qual hospital estava conveniado a um tal ABRANGE, ouvimos de Goran Bregovic e Emir Kusturika até Sara Brightman, conhecemos Amanda e comemos pizza, quer dizer, tentei comer.
Mas, se tivesse a tarefa de abreviar toda a reflexão que este final de semana me causou em uma só palavra, abreviaria chamando de borboleta.
E então, me dei conta, de que no meu texto anterior falava do filme O Escafandro e a Borboleta, e utilizei do escafandro como similar de tantas enclausuras de nossa vida, e hoje, quero falar da borboleta, ou, intitular este texto como “E a Borboleta?”, continuando o escrito anterior.
As borboletas são insetos da ordem Lepidóptera, classificados nas superfamílias Hesperioidea e Papilionoidea, que constituem o grupo informal Rhopalocera. Composta por dois pares de asas delicados, membranosas que são resultados de uma transmutação.
Mas, não é só a biologia da borboleta que me encanta, é o seu papel estético na composição da natureza, é o curto período de vida deste inseto frágil e de asas multicoloridas e em especial, a possibilidade de voar.
Trago como oposição ao escafandro, este último item, a possibilidade de voar. Esse desejo tão sonhado pelo homem, é uma sinalização metafórica diária. Voar, ao contrário de andar pelas ruas, é ter a possibilidade de perceber o horizonte em outras dimensões. Voar também é a possibilidade de encontrar o caminho livre, sem muitos desvios, mesmo que nessa imensidão aconteça o medo pelo infinito.
Voar, na idéia etimológica traz alusões de inseto alado e também o que é difícil pegar, ou seja, alguém esperto, com destreza.
Então, voar não é uma tarefa tão fácil, é uma tarefa de escolha, em utilizar ou não as asas, é também não esquecê-las. É a escolha e a coragem de pousar numa folha, numa flor ou até mesmo num ombro de um homem, sem medo de que alguém possa lhe roubar as asas.
Ser uma borboleta, é atrever-se a esquecer de que um dia, era simplesmente uma larva, mas é também lembrar-se de que foi uma larva, para que no momento sublime do seu vôo, os registros do solo possam servir de encorajamento.
E a borboleta? Onde estão as infinitas qualidades das borboletas em nossa vida? Quanto estamos nos atrevendo a romper? Que olhar temos ao voar? Que escolha encorajada fizemos diariamente? Como permitimos nossa beleza ser deslumbrada pelos demais? Como estamos fazendo valer a pena nosso curto período de vida? Afinal, como diria o primeiro ministro do Reino Unido em um de seus pronunciamentos, a vida é muito curta para ser pequena!

Texto: Paulo Sergio Fochi
Revisão: Fabiana Farenzena
Agradecimento: M.D.B.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O escafandro



Neste final de semana fiz algo que, havia algum tempo não fazia mais, entrar na locadora e retirar um filme que desconhecia totalmente sua crítica, aliás, ando pensando muito sobre o quão importante são, e retirei o filme O Escafandro e a borboleta, do diretor Julian Schnabel.
Chegando em casa, depois de algumas organizações necessárias para começar a semana, coloquei-me a assistir o filme. Ele, o filme, para quem desconhece a história, narra a biografia de Jean-Dominique Bauby, editor da revista Elle, que, de uma hora para outra, se vê preso à um hospital após sofrer um derrame devastador. Com o corpo totalmente inerte, exceto o olho esquerdo, Jean comunica-se com o mundo externo escrevendo um livro através de um método de letras soletradas e sinalizadas pelo piscar do olho.
Mas além de uma bela história, e que certamente, nos faz refletir demasiadamente sobre quem somos, este filme instigou-me a outra reflexão, quantos de nós vivemos presos à algum tipo de escafandro, sem que nos ouçam, com movimentos limitados e com uma visão embaçada. Antes que eu prossiga, o escafandro é um tipo de roupa para mergulho, bastante antiga, própria para o mergulhador permanecer muito tempo no funda da água.
O fato é, o escafandro a que me refiro, são determinadas convenções socialmente criadas ou, por alguma razão, nós mesmos criamos. Passar dos trinta, por exemplo, sem estar pelo menos namorando, é um desespero para alguns; passar dos vinte e cinco anos sem ter seu próprio carro, é a morte para outros. Independente da futilidade que cada um julga como o fim ou, a clausura de suas vidas, existem certas pessoas que não conseguem vislumbrar o horizonte, porque escolheram ficar trancafiadas num escafandro. Quantas pessoas negam sua sexualidade porque um conjunto de regras diz que devem ser ocultadas? Quantos filhos perdem, ao passar do tempo, suas demonstrações espontâneas de afeto pelo seus pais, talvez porque não esteja mais na moda ser afetuoso? Não é uma tentativa de julgar o comportamento dos outros que questiono e exemplifico, pois sei que nossas atitudes são resultados de uma conjugação de fatores (nossa história de vida, o que cremos, e tantas outras que são fundamentais para compor a diversidade da espécie humana), mas sinalizo alguns comportamentos que vejo comumente na sociedade, e que talvez, até mesmo eu me enquadre em alguns deles, ou em outros que não estão registrados aqui. Em suma, diariamente vestimos o escafandro e não permitimos que inúmeros desejos e respostas dos nossos pensamentos sejam exteriorizados pela carcaça que vestimos. Uma carcaça até necessária, se pensarmos que a sociedade está cada vez mais cruel e devastadora com aqueles que fogem de seus padrões.
Porém, retomando o filme, ou o estado de reflexão que o filme me fez alcançar, penso cada vez mais que o tempo que estou “nu” ou, sem o meu escafandro, é o tempo que verdadeiramente me sinto o Paulo Sergio Fochi e, o reflexo disso, é o encontro comigo mesmo, torno-me menos misterioso para mim, conheço muito mais meu corpo, descubro o que me agrada e o que não me agrada também, consigo traçar metas para minha vida, faço acontecer, enterro medos, exponho meus pensamentos, entre em contato com minha essência.
Talvez aí, resida a resposta de tantas questões e entraves de nossa vida. Possivelmente isso acontecerá no momento em que sairmos do escafandro, e enxergarmos o que somos e o que podemos ser.
Texto: Paulo Sergio Fochi
Revisão: Flávia Nery Ordovas

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Apresentação


Gostaria de em algumas palavras poder dizer quem eu sou.

Hoje, em física quântica, não se fala mais um universo, mas em multiuniverso. A suposição de que exista um único universo não tem mais lugar na Física. A ciência fala em multiuniverso e que estamos em um dos universos possíveis. Este tem provavavelmente o formato cilíndrico, em função da curvatura do espaço, portanto, ele é finito e tem porta de saída, que são os buracos negros, por onde ele vai minando e se esvaziando. Até 2002, era quase certo que o nosso universo fosse cilíndrico, hoje já há alguma suspeita de que talvez não. Mas a teoria ainda não foi derrubada em sua totalidade. Supõe-se que este universo possível em que estamos aparaceu há 15 bilhões de anos. Alguns falam em 13 bilhões, outros em 18, mas a hipótese menos implausível no momento é que estamos num universo que apareceu há 15 bilhões de anos, resultante de uma grande explosão, que o cientista inglês Fred Hoyle apelidou de gozação de big-bang, e esse nome pegou.

Qual é a lógica? Há 15 bilhões de anos, é como se pegassemos uma mola e fosse apertando, apertando até o limite, e amarrássemos com uma cordinha. Imagine o que tem ali de matéria concentrada e energia retida! Supostamente, nesse período, todo o universo estava num único ponto adensado, como uma mola apertada e, então, alguém, alguma força - Deus, não sei, aqui a dicussão é de outra natureza - cortou a cordinha. E aí, essa mola, o nosso universo, está em expansão até hoje. E haverá um momento em que ele chegará ao máximo da elasticidade e irá encolher outra vez. A ciência já calculou que o encolhimento acontecerá em 12 bilhões de anos. Mas estou tranquilo, até lá já estarei aposentado pelas novas regras de aposentadoria.

Pode-se cogitar algo que a Fìsica tem como teoria: ele vai encolher e se expandir outra vez. Talvez haja uma lei do universo em que o movimento da vida é expansão e encolhimento. Como é o nosso pulmão, como bate o nosso coração, com sístole e diástole. Como é o movimento do sexo, que expande e encolhe. Parece que existe uma lógica nisso, que os orientais, especialmente os chineses e os indianos, capturaram em suas religiões, aquela coisa de inspirar e expirar. Parece haver uma lógica nisso, a ciência tem isso como hipótese.

Assim, há 15 bilhões de anos, houve uma grande explosão atômica, que gerou uma aceleração inacreditável de matéria e liberação de energia. Essa matéria se agregou formando o que nós, humanos, chamamos de estrelas e elas se juntaram, formando o que chamamos de galáxias (do grego galaktos, leite). A ciência calcula que existam em nosso universo aproximadamente 200 bilhões de galáxias. Uma delas é a nossa, a Via Láctea, que é "leite", em latim. Aliás, nem é uma galaxia tão grande; calcula-se que ela tenha cerca de 100 bilhões de estrelas. Portanto, estamos em uma galáxia, que é uma entre 200 bilhões de galáxias, num dos universos possíveis e que vai desparecer.

Nessa nossa galáxia, repleta de estrelas, uma delas é o que agora chamam de estrela-anã, o sol. Em volta dessa estrelinha giram algumas massas planetárias sem luz própria, nove ao todo, talvez oito (pela polêmica classificação em debate). A terceira delas, a partir do Sol, é a Terra. O que é a Terra?

A Terra é um planetinha que gira em torno de uma estrelinha, que é uma entre 100 bilhões de estrelas que compõem uma galáxia, que é uma entre outras 200 bilhões de galáxias num dos universos possíveis e que vai desparecer. Veja como nós somos importantes...

Aliás, veja como nós temos razão de nos termos considerado na história o centro do universo. Tem gente que é tão humilde que acha que Deus fez tudo isso só para nós existirmos aqui. Isso é que é um Deus que entende da relação custo-benefício. Tem indívíduo que acha coisa pior, que Deus fez tudo isso só para esta pessoa existir. Com o dinheiro que carrega, com a cor da pele que tem, com a escola que frequentou, com o sotaque que usa, com a religião que pratica.

Nese lugarzinho tem uma coisa chamada vida. A ciência calcula que em nosso planeta haja mais de trinta milhões de espécies de vida, mas até agora só classificou por volta de três milhões de espécies. Uma dessa é a nossa: homo sapiens. Que é uma entre três milhões de espécies já classificadas, que vive num planetinha que gira em torno de uma estrelinha, que é uma entre bilhões de estrelas que compõem uma galáxia, que é uma entre outras 200 bilhões de galáxias num dos nossos universos possíveis e que vai desparecer?

Essa espécie tem, em 2007, aproximadamente 6,4 bilhões de indivíduos. Um deles sou eu.

Eu sou um entre 6,4 bilhões de indivíduos, pertencentes a uma única espécie, entre outras três milhões de espécies classificadas, que vive num planetinha, que gira em torno de uma estrelinha, que é uma entre 100 bilhões de estrelas que compõem uma galáxia, que é uma entre outras 200 bilhões de galáxias num dos universos possíveis e que vai desaparecer.


É por isso que quando alguém me perguntar se sabe com quem eu estou falando, ou quer saber quem sou eu, eu pergunto:

Você tem tempo?


Trecho do livro: Qual é a tua obra? Mario Sergio Cortella - devidas adpatações foram feitas para este blog.