sábado, 18 de julho de 2009

Boa infância



Paulo Sergio Fochi – Pedagogo e pesquisador da infância




Se perguntássemos às crianças, o que precisaria para uma boa infância, provavelmente a resposta seria curiosa e um tanto quanto surpreendente, foi isso que nos últimos três anos, uma pesquisa feita no Reino Unido fez. Reuniu pais, especialistas, educadores, e as próprias crianças questionando o que elas precisariam para ter uma boa infância.
O resultado do estudo foi divulgado e transformado em livro no início deste ano e traz aspectos relacionados ao papel de cada instituição social, como familiar, escolar, o estado e até mesmo os meios de comunicação.
Segundo o estudo, crianças cada vez mais novas estão vulneráveis a situações de muita pressão, de abandono e de acesso a conteúdo adulto. As conseqüências dessa realidade, estão sendo divulgadas nas campanhas dos meios de divulgação neste ano, a prevenção ao uso de drogas. Já é sabido que as marcas da infância são fator preponderante para a conduta da vida juvenil e adulta.
Esse crescente números de adolescentes e adultos dependentes de drogas, podemos dizer, ainda que sumariamente, são resultado de uma infância ameaçada. Mas então, o que afinal, leva a uma boa infância? Segundo o estudo intitulado o Relatório da Boa Infância (ainda não traduzido para o português) “a educação para a vida tem que ser como uma piscina. Quando a criança entra, é na parte rasa, com ajuda. Mas o objetivo é ensiná-la a nadar, para ir sozinha para a parte funda”, afirmou Bob Reitemeier, diretor-executivo da Children's Society, entidade que encomendou o estudo.
Segundo o estudo, algumas das recomendações para cada instituição social são: oferecer serviços de melhor qualidade para quem quiser ter filhos; avaliar a saúde mental de crianças sob custódia e sob cuidados do Estado; elevar a remuneração de todas as pessoas que trabalham com crianças, incluindo professores e assistentes sociais; iniciar uma grande campanha para convencer empregadores a contratar jovens aprendizes; banir a publicidade de álcool e alimentos não-saudáveis na televisão antes das 21h, aos pais assumir um compromisso de longo prazo um com o outro; estar plenamente cientes a respeito do que envolve a decisão de ter um filho; amar seus filhos e estabelecer limites para eles e ajudar os filhos a desenvolver qualidades de espírito.
Talvez, estamos num período emergencial na história da humanidade, e a única possibilidade de resgate seja investimento de TODOS na infância.
Publicado no Jornal Gazeta Veranense - 17/07

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