terça-feira, 21 de abril de 2009

E a borboleta?


Neste final de semana, tive a oportunidade de estar acompanhado de uma pessoa especial, que me possibilitou conversar sobre os mais diversos assuntos. Fomos de Edgar Morin à sopa de legumes, falamos de arte e pinturas de casas da Itália até uma pesquisa de qual hospital estava conveniado a um tal ABRANGE, ouvimos de Goran Bregovic e Emir Kusturika até Sara Brightman, conhecemos Amanda e comemos pizza, quer dizer, tentei comer.
Mas, se tivesse a tarefa de abreviar toda a reflexão que este final de semana me causou em uma só palavra, abreviaria chamando de borboleta.
E então, me dei conta, de que no meu texto anterior falava do filme O Escafandro e a Borboleta, e utilizei do escafandro como similar de tantas enclausuras de nossa vida, e hoje, quero falar da borboleta, ou, intitular este texto como “E a Borboleta?”, continuando o escrito anterior.
As borboletas são insetos da ordem Lepidóptera, classificados nas superfamílias Hesperioidea e Papilionoidea, que constituem o grupo informal Rhopalocera. Composta por dois pares de asas delicados, membranosas que são resultados de uma transmutação.
Mas, não é só a biologia da borboleta que me encanta, é o seu papel estético na composição da natureza, é o curto período de vida deste inseto frágil e de asas multicoloridas e em especial, a possibilidade de voar.
Trago como oposição ao escafandro, este último item, a possibilidade de voar. Esse desejo tão sonhado pelo homem, é uma sinalização metafórica diária. Voar, ao contrário de andar pelas ruas, é ter a possibilidade de perceber o horizonte em outras dimensões. Voar também é a possibilidade de encontrar o caminho livre, sem muitos desvios, mesmo que nessa imensidão aconteça o medo pelo infinito.
Voar, na idéia etimológica traz alusões de inseto alado e também o que é difícil pegar, ou seja, alguém esperto, com destreza.
Então, voar não é uma tarefa tão fácil, é uma tarefa de escolha, em utilizar ou não as asas, é também não esquecê-las. É a escolha e a coragem de pousar numa folha, numa flor ou até mesmo num ombro de um homem, sem medo de que alguém possa lhe roubar as asas.
Ser uma borboleta, é atrever-se a esquecer de que um dia, era simplesmente uma larva, mas é também lembrar-se de que foi uma larva, para que no momento sublime do seu vôo, os registros do solo possam servir de encorajamento.
E a borboleta? Onde estão as infinitas qualidades das borboletas em nossa vida? Quanto estamos nos atrevendo a romper? Que olhar temos ao voar? Que escolha encorajada fizemos diariamente? Como permitimos nossa beleza ser deslumbrada pelos demais? Como estamos fazendo valer a pena nosso curto período de vida? Afinal, como diria o primeiro ministro do Reino Unido em um de seus pronunciamentos, a vida é muito curta para ser pequena!

Texto: Paulo Sergio Fochi
Revisão: Fabiana Farenzena
Agradecimento: M.D.B.