sábado, 18 de julho de 2009

Projeção dos pais, frustração dos filhos

“meu filho já tirou as fraldas...minha filha faz balet...o meu, já esta lendo”

Paulo Sergio Fochi – Pedagogo e pesquisador da infância


Já é sabido que educar nos dias atuais é uma tarefa difícil, com o avanço das ciências, está cada vez mais clara a idéia de que nenhuma ação do adulto para a criança passa por despercebida, ou seja, não é neutra.
Me rendendo ao assunto em voga, Michael Jackson, podemos pensar os registros históricos do astro como ferramenta interessante de reflexão da influência positiva e negativa da educação primeira, ou seja, da educação da instituição familiar. Na história do astro, a figura paterna figurou um personagem de exigência e projeção do filho, que nitidamente, na fase adulta, as vivências de Michael ilustraram tamanha destruição da sua personalidade e da falta de uma infância saudável.
O ponto chave dessa trama é exatamente um discurso comum nas escolas e rodas de pais com filhos de idades entre 0 e 8 anos. Cada vez mais, os pais acreditam que seus filhos precisam ler mais cedo, tirar fraldas antecipadamente, estar participando de inúmeras atividades, falar e agir como um adulto, ou, um mini adulto. Me parece que a infância está por desaparecer, estão tirando das crianças o que de mais rico e precioso ela tem: o direito de ser respeitada na sua individualidade.
Nenhuma criança tem que estar enquadrada numa tabela que diga o que, em cada mês, ou em cada período de idade, ou ainda, o que a maioria de seus colegas de escola já fazem, que ela tenha que também fazer. O desenvolvimento de cada criança é a soma de sua herança biológica e genética, com suas experiências particulares e especialmente, com a qualidade do ambiente em que ela está inserida. Precisamos ouvir mais as crianças, e deixar de lado o pensamento egoísta e narcisista de pais e professores, que, transferem na criança, as possibilidades e desejos que eles mesmos gostariam de vivenciar.
É comum em paises europeus e norte-americanos, um número elevado de suicídios infantis, justamente por uma conjugação de fatores sociais que projetam na criança a exigência de ser o melhor, deixando evidente que aqueles que não atingirem os patamares mais alto, não terão espaço na sociedade.
O que irá certificar se o ser humano que hoje é criança será um bom adulto, certamente não é a data que ele irá falar ou ler e escrever, mas sim, a qualidade do afeto e o respeito que ele terá nos primeiros anos de sua infância.
Publicação para Jornal Gazeta Veranense - 10/07

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