quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Apresentação


Gostaria de em algumas palavras poder dizer quem eu sou.

Hoje, em física quântica, não se fala mais um universo, mas em multiuniverso. A suposição de que exista um único universo não tem mais lugar na Física. A ciência fala em multiuniverso e que estamos em um dos universos possíveis. Este tem provavavelmente o formato cilíndrico, em função da curvatura do espaço, portanto, ele é finito e tem porta de saída, que são os buracos negros, por onde ele vai minando e se esvaziando. Até 2002, era quase certo que o nosso universo fosse cilíndrico, hoje já há alguma suspeita de que talvez não. Mas a teoria ainda não foi derrubada em sua totalidade. Supõe-se que este universo possível em que estamos aparaceu há 15 bilhões de anos. Alguns falam em 13 bilhões, outros em 18, mas a hipótese menos implausível no momento é que estamos num universo que apareceu há 15 bilhões de anos, resultante de uma grande explosão, que o cientista inglês Fred Hoyle apelidou de gozação de big-bang, e esse nome pegou.

Qual é a lógica? Há 15 bilhões de anos, é como se pegassemos uma mola e fosse apertando, apertando até o limite, e amarrássemos com uma cordinha. Imagine o que tem ali de matéria concentrada e energia retida! Supostamente, nesse período, todo o universo estava num único ponto adensado, como uma mola apertada e, então, alguém, alguma força - Deus, não sei, aqui a dicussão é de outra natureza - cortou a cordinha. E aí, essa mola, o nosso universo, está em expansão até hoje. E haverá um momento em que ele chegará ao máximo da elasticidade e irá encolher outra vez. A ciência já calculou que o encolhimento acontecerá em 12 bilhões de anos. Mas estou tranquilo, até lá já estarei aposentado pelas novas regras de aposentadoria.

Pode-se cogitar algo que a Fìsica tem como teoria: ele vai encolher e se expandir outra vez. Talvez haja uma lei do universo em que o movimento da vida é expansão e encolhimento. Como é o nosso pulmão, como bate o nosso coração, com sístole e diástole. Como é o movimento do sexo, que expande e encolhe. Parece que existe uma lógica nisso, que os orientais, especialmente os chineses e os indianos, capturaram em suas religiões, aquela coisa de inspirar e expirar. Parece haver uma lógica nisso, a ciência tem isso como hipótese.

Assim, há 15 bilhões de anos, houve uma grande explosão atômica, que gerou uma aceleração inacreditável de matéria e liberação de energia. Essa matéria se agregou formando o que nós, humanos, chamamos de estrelas e elas se juntaram, formando o que chamamos de galáxias (do grego galaktos, leite). A ciência calcula que existam em nosso universo aproximadamente 200 bilhões de galáxias. Uma delas é a nossa, a Via Láctea, que é "leite", em latim. Aliás, nem é uma galaxia tão grande; calcula-se que ela tenha cerca de 100 bilhões de estrelas. Portanto, estamos em uma galáxia, que é uma entre 200 bilhões de galáxias, num dos universos possíveis e que vai desparecer.

Nessa nossa galáxia, repleta de estrelas, uma delas é o que agora chamam de estrela-anã, o sol. Em volta dessa estrelinha giram algumas massas planetárias sem luz própria, nove ao todo, talvez oito (pela polêmica classificação em debate). A terceira delas, a partir do Sol, é a Terra. O que é a Terra?

A Terra é um planetinha que gira em torno de uma estrelinha, que é uma entre 100 bilhões de estrelas que compõem uma galáxia, que é uma entre outras 200 bilhões de galáxias num dos universos possíveis e que vai desparecer. Veja como nós somos importantes...

Aliás, veja como nós temos razão de nos termos considerado na história o centro do universo. Tem gente que é tão humilde que acha que Deus fez tudo isso só para nós existirmos aqui. Isso é que é um Deus que entende da relação custo-benefício. Tem indívíduo que acha coisa pior, que Deus fez tudo isso só para esta pessoa existir. Com o dinheiro que carrega, com a cor da pele que tem, com a escola que frequentou, com o sotaque que usa, com a religião que pratica.

Nese lugarzinho tem uma coisa chamada vida. A ciência calcula que em nosso planeta haja mais de trinta milhões de espécies de vida, mas até agora só classificou por volta de três milhões de espécies. Uma dessa é a nossa: homo sapiens. Que é uma entre três milhões de espécies já classificadas, que vive num planetinha que gira em torno de uma estrelinha, que é uma entre bilhões de estrelas que compõem uma galáxia, que é uma entre outras 200 bilhões de galáxias num dos nossos universos possíveis e que vai desparecer?

Essa espécie tem, em 2007, aproximadamente 6,4 bilhões de indivíduos. Um deles sou eu.

Eu sou um entre 6,4 bilhões de indivíduos, pertencentes a uma única espécie, entre outras três milhões de espécies classificadas, que vive num planetinha, que gira em torno de uma estrelinha, que é uma entre 100 bilhões de estrelas que compõem uma galáxia, que é uma entre outras 200 bilhões de galáxias num dos universos possíveis e que vai desaparecer.


É por isso que quando alguém me perguntar se sabe com quem eu estou falando, ou quer saber quem sou eu, eu pergunto:

Você tem tempo?


Trecho do livro: Qual é a tua obra? Mario Sergio Cortella - devidas adpatações foram feitas para este blog.

Um comentário:

  1. Paulo, só tenho uma coisa pra te dizer... matou a pau mesmo... (desculpa pelo vocabulário chulo), mas é isso mesmo... uma sociedade viciada em hipocrisia onde os 'valores' são tão significantes, quem sabe isso pudesse servir para uma reavaliação dos super-poderes que certos mortais teiman em achar quem têm...

    Bj te amo
    Daniéla

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